A Cristo Crucificado
[Tradução de Wanderson Lima]
Não me move, meu Deus, para querer-te
o céu que me hás um dia prometido,
e nem me move o inferno tão temido
para deixar por isso de ofender-te.
Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
cravado numa cruz e escarnecido;
move-me ver teu corpo tão ferido;
movem-me o insulto e a vida que perdeste.
Move-me teu amor, de tal maneira,
enfim, que sem céu ainda te amara
e a não haver inferno te temera.
Nada me tens que dar porque te queira.
E se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que te quero te quisera.
Nota do tradutor: Além de Santa Teresa de Ávila (veja outra tradução dela que fiz aqui), pelo menos outros cinco nomes concorrem para serem o autor deste soneto, incluindo aí San Ignacio de Loyola e San Juan de la Cruz. Marcelino Menéndez Pelayo o incluiu numa antologia dos cem melhores poemas da língua castelhana. Manuel Bandeira o traduziu com a sua costumeira competência. O original pode ser lido aqui.
Comentários
Espero tê-lo ajudado.