Os Intrépidos Andarilhos e Outras Margens



“Há alguns meses tem o outrora caminhante a constante sensação de, ao tempo em que lê seus versos, estar sendo lido por eles, como se ao mergulhar na narrativa dos versos os papéis de leitor e coisa lida se invertessem e, mais de uma vez, teria sussurrado, a princípio atônito, depois serenamente: este livro me lê. E aceitar essa afirmação equivaleria a dizer assim como o céu é vastamente azul este livro me lê profundamente, sem que se precise antecipar meus pensamentos. Este livro me lê e é, naturalmente, igual a todos os outros. Este verso, igual a todos os outros, trata do mesmo assunto, do mesmo instante, que é o instante em que me disponho a lê-lo. Eu sou minha própria leitura e não sei se existo para além de minha fábula, ou se existe apenas este livro, eu não.”

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