Washington Ramos, Sérgio Batista e Sandra |
Há dez anos, em
janeiro de 2002, na livraria DesLivres, localizada então na av. Nossa Senhora
de Fátima, lançamos a primeira edição da revista literária amálgama. Contando com pouca coisa além da cara e da coragem, e
enfrentando mil contratempos de última hora que por pouco não inviabilizaram o
projeto, tivemos que concluir a editoração artesanalmente faltando poucas horas
para o lançamento. Na época, tínhamos como editores Adriano Lobão Aragão,
Hermes Coelho, Jeferson Probo, Sérgio Batista e Washington Ramos. Dentre as
definições de amálgama que
apresentamos no editorial, constava: “5. Revista mensal preparada em
Teresina por diferentes visões, vivências e literariedades. Designação genérica
da produção crítica e literária divulgada pela revista. Os editores desta
revista. 6. Não apenas os poemas, mas a poesia. 7. O ideal de que a arte existe
para melhorar a qualidade de vida das pessoas. A certeza de que escrever é
necessário. Necessário quando inevitável, como uma necessidade orgânica
inevitável, como comer, dormir e viver. Ou desejar. 8. O desejo pela mistura de
todas as linguagens. A linguagem da linguagem. A possibilidade de amalgamar
sempre. 9. Todas as palavras.”
Aquela primeira edição serviu de modelo para as duas
seguintes, efetuadas com um direcionamento que tendia para o jornalismo
literário e para a produção local. Aos poucos, amálgama voltou-se para a crítica literária, a produção acadêmica e
o ensaio (confesso que esta última vertente, o ensaio, é a que mais me atrai)
que configuraria nossa atual atividade, a revista eletrônica dEsEnrEdoS (www.desenredos.com.br).
Antes mesmo que planejarmos a segunda edição, em fevereiro de 2002, já não contávamos
com Hermes Coelho, autor do livro de poemas Nu,
que passou a dedicar-se profissionalmente ao jornalismo. Outros colaboradores
foram sendo agregados até a quinta edição, publicada em agosto de 2004,
apresentar o seguinte quadro de editores: Adriano Lobão Aragão, Alexandre
Bacelar, Dílson Lages Monteiro, Herasmo Braga, Ranieri Ribas, Sérgio Batista,
Washington Ramos e Wanderson Lima. Infelizmente, não conseguimos a unidade
necessária para, naquele momento, assegurar a continuidade do projeto editorial,
sobretudo por conta da ausência de divulgação e circulação eficientes e de um
suporte financeiro que pudesse manter a periodicidade. A revista só voltaria
a ser editada em 2008 (em formato bastante distinto das primeiras edições,
semelhante agora a uma coletânea de artigos), embora tenham sido publicados
alguns livros com o selo amálgama, como
Os Cactos de Lakatos, de Ranieri
Ribas; Saqueadores de Hegemonias,
coletânea de artigos organizada por Wanderson Lima; Yone de Safo, de Adriano Lobão Aragão; e Reencantamento do Mundo, de Alfredo Werney e Wanderson Lima; dentre
outros.
Mas voltando a 2002,
em nossa primeira edição publicamos um registro da inusitada passagem de Waly
Salomão pelo Piauí, contando com depoimentos de Cineas Santos, Rubervam Du
Nascimento, Kenard Kruel e Chico Castro; entrevistamos ao mesmo tempo o contra-lei Elio Ferreira e a acadêmica
Lisete Napoleão num bate-papo bastante descontraído; fizemos uma breve
homenagem à poesia de Martins Napoleão; além das seções de poesia, conto e
resenha. As duas edições seguintes, editadas em fevereiro e março, tendo como
matéria de capa Fontes Ibiapina e Mário Faustino, respectivamente, seguiram de
maneira semelhante e penso que, apesar das dificuldades de divulgação e
limitações gráficas, cumpriram seu papel ao promover mais um espaço alternativo
para a discussão artístico-literária. Afinal, conforme nosso primeiro
editorial, tentávamos com os poucos recursos que tínhamos conjugar o verbo “amalgamar: v. t. 1. Fazer amálgama de (mercúrio
com outro metal, poesia com outros poemas). 2. Reunir, confundir, combinar,
misturar (coisas diversas). 3. Editar, publicar estas palavras. 4. Colaborar
com todas as outras palavras.” Aos que quiserem
conferir na íntegra a edição número 1 de amálgama,
o donwload gratuito está disponível neste link: amalgama 1. No mais, desejo que este
ano de 2012 nos traga sempre boas leituras, novas realizações e amálgamas
constantes.
[Publicado no jornal Diário do Povo, coluna Toda palavra, Teresina, 03 de janeiro de 2012]
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