[Adriano Lobão Aragão]
Rascunho, Coyote, Lama, Celuzlose, Zunai, dEsEnrEdoS, AO, Corsário, Sibila, bem como uma série de outras publicações, digitais ou não, circulam pelo país mantendo uma prática que há décadas revela talentos, expõe tendências, acirra polêmicas e debates, dá visibilidade a determinados grupos na mesma velocidade em que cria pontes e também muros. A partir de revistas literárias publicadas recentemente em meio impresso, conversei com três editores sobre as origens, desafios, horizontes e perspectivas de seus respectivos lançamentos: Celuzlose (em São Paulo), AO Revista (no Piauí) e Lama (no Paraná). Publicamos aqui a primeira parte de nossa entrevista/enquete. Na próxima edição da revista dEsEnrEdoS (www.desenredos.com), publicaremos o restante dessa prosa tão afeita à poesia.
Como surgiu a ideia de lançar uma revista literária?
[Victor Del Franco/Celuzlose] A ideia surgiu no final de 2008. Na ocasião, eu colaborava com o jornal literário O Casulo que era editado pelos poetas Eduardo Lacerda e Andréa Catrópa. O jornal tinha o apoio financeiro de um programa de fomento cultural da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Este apoio financeiro foi importante para a edição do jornal durante os anos de 2007 e 2008, depois desse período de 2 anos em que durou o apoio financeiro, o jornal deixou de ser editado. No entanto, eu queria continuar com o trabalho de divulgação da literatura contemporânea e foi justamente por conta disso que a ideia da revista Celuzlose começou a amadurecer. A primeira edição da Celuzlose (versão digital) ficou pronta em junho de 2009 e está disponível no seguinte endereço: http://celuzlose.blogspot.com. Atualmente, a revista já possui 7 edições digitais e a primeira edição impressa foi lançada em junho de 2011, através de uma parceria feita com o poeta e editor Reynaldo Damazio que é responsável pela Dobra Editorial. Quem estiver interessado em adquirir um exemplar da Celuzlose impressa, a revista está à venda no site da editora: www.dobraeditorial.com.br.
[Laís Romero/AO Revista e Trimera] Ambas, Trimera e AO, surgiram da necessidade de publicação. Esse desespero é comum a todos que se relacionam com a Literatura, de querer publicar, mostrar, levar às pessoas todas uma parcela da produção literária que está por aí... Com a Trimera foi o resultado de um livro que não deu certo, e a AO Revista, editada pela Academia Onírica, já nasceu revista. Queríamos um veículo impresso que nos transportasse para a realidade, o retorno que uma revista dá é muito diferente do retorno de um blog (poesiatarjapreta.blogspot.com), por exemplo.
[Fabiano Vianna/Lama] Primeiramente, o projeto era de ser uma revista apenas de fotonovela. Porque eu trabalho com fotonovelas, desde 2006, no site www.crepusculo.com.br. Mas quando eu e minha sócia, Milena Buzzetti, começamos a reunir material e pesquisar gráficas, formatos etc., pensei que poderia aproveitar e convidar amigos escritores que eu conhecia para participar. E então comecei a receber contos ótimos de pessoas como Ana Paula Maia, Luiz Felipe Leprevost, Martha Argel, Giulia Moon, Assionara Souza, Gisele Pacola. Juntaram-se a eles, Daniel Gonçalves, Rodriane DL, Simone Campos e Emanuel Marques (escritor português), pessoas que eu já admirava o trabalho. A maioria deles já caminhava pelas obscuras trilhas do pulp. Então, de revista de fotonovela, a Lama foi transformando-se em uma revista pulp, com uma abrangência maior de temas como eram as revistas pulp dos anos 30/40. Este "guarda-chuva" temático composto por ficção científica, horror, suspense e fantasia. Muitos acham loucura lançar uma revista impressa hoje em dia, numa fase onde os e-books e livros digitais estão dominando o mercado. Mas para mim, publicar literatura é fazer história. A revista impressa pode ser guardada, colecionada. Vira documento. A internet ainda não nos proporciona isso. Por enquanto. E, além disso, são mídias diferentes. Não existia ainda uma revista destinada à literatura pulp. Outra missão da Lama é revelar escritores novos que andam produzindo literatura de primeiro mundo. Queremos consolidar os gêneros policiais, terror, suspense, ficção científica e fantasia no Brasil. Isso não é coisa só de gringo mais. Na 2ª edição temos, além de contos de nossos mestres, Dalton Trevisan e Valêncio Xavier, a participação de Daniel Gonçalves, Luiz Felipe Leprevost, Diego Gianni, Vanessa Rodrigues, Assionara Souza, André de Leones, Eduardo Capistrano, Índigo, Estus Daheri, Ana Paula Maia e Rodriane DL. A fotonovela da nº 2 chama-se Tocaia, fotografada por Bruno Zotto & Japa Biet e os ilustradores estão incríveis mais uma vez: Daniel Gonçalves, Foca, A.B. Ducci, Renato Faccini, Daniel Carvalho, Danilo Oliveira, João Lavieri, Tati Ferrigno, Yan Sorgi, Fabz, Frede Tizzot, Sama e Bruno Oliveira.
publicado no jornal Diário do Povo, coluna Toda Palavra, Teresina, 23 de agosto de 2011
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