[adriano lobão aragão]
e o que saber de teu anseio entregue ao ventre e ao seio alheio
[quando retorna a si a oferenda que há pouco somente sêmen seria?
e que força haveria em teu sangue que não vê as marcas
[de teu semblante impressas em um outro ser?
e como artífice tenaz emprenhas o obstinado ofício de reinventar-se
[em imagem e semelhança na fêmea que emprenhas
e eis novamente em teus braços os traços que em ti afirmam
[a perpétua condição de semeador
e como impetuoso autor revisando a própria obra chega até si o desejo e a hora
[de descartar o esboço que feito fora outrora
e eis que teu riso e tua mão se estendem a apenas um dos irmãos
[para que corra o risco e o destino de existir em vão
e que seja a mão que se ergue em fratricídio a mesma que jaz em suplício
[e ambas as duas palmas de tuas mesmas mãos
e o que saber de teu feito quando retorna a si a oferenda
[que reafirma em teu filho teu genitor?
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