Bastardos Inglórios



Bastardos Inglórios
(Inglourious Basterds, 2009), de Quentin Tarantino

[por Wanderson Lima]


Há imbecis por aí condenando o filme de Tarantino pelas inverdades históricas. Francamente, como diz com sabedoria o próprio Tarantino, cinema é lugar para se ver tiros e beijos, aventuras épicas e líricas. Aristóteles, já faz certo tempo, nos ensinou que a arte anseia o verossímil, não o verdadeiro. O que interessa na obra de arte é a capacidade de formular mundos autônomos e internamente coerentes. Isto não significa ter desprezo pela história ou pela verdade; significa buscá-la, segundo o filósofo, por outro viés, o mimético, que se pauta no lúdico e na operação de universalizar situações particulares. Quem quiser buscar a verdade histórica do nazismo que se debruce sobre tomos e tomos que se publicaram por aí ou, caso haja pressa, que leia um estupendo livrinho de George Steiner intitulado “No castelo do Barba Azul”. Agora, para quem busca cinema de qualidade, Bastardos Inglórios é uma das melhores propostas dos últimos anos, e talvez o melhor Tarantino de sempre. As armas intelectuais tarantinianas são as de sempre e podem ser encontradas em qualquer manual sobre estética pós-moderna: ironia relativista, pastiche, hiper-realismo e metalinguagem. Porém, garanto que estas mesmas “armas” estão presentes em muitos filmes e romances sem o mesmo brilho. Tarantino sabe controlar o ritmo de um filme como ninguém (e nisso ele manipula, fazendo continuarem sentados nas poltronas, até os incautos que dizem que seus filmes são “parados”); além disso, é um roteirista de grande talento, que sabe usar supostos “tempos mortos” para exercitar sua ironia e sátira social quase sempre inteligentes.

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