7.ª pergunta para DEMETRIOS GALVÃO
Colégio São Francisco de Sales – DIOCESANO
Prof Adriano Lobão Aragão
Alunos – 7ª série B/2009
João Victor
Denilson
João Neto
João Pedro
Demetrios Gomes Galvão nasceu em Teresina, em 1979. É poeta e historiador, atualmente cursa o doutorando em História do Brasil na UFPE. Autor de Fractais Semióticos (2005), Bifurcações no Diafragma do Tempo (2006) e do CD Um Pandemônio Léxico no Arquipélago Parabólico (2005).
Qual o poema que você fez e que mais gostou?
Essa é uma pergunta difícil de responder, pois gosto de vários de meus poemas, tanto de alguns antigos, como de alguns novos também. Mas tem um que tenho um apego muito grande que se chama “Nenhuma epígrafe para nós, pelo menos por enquanto”. Creio que esse é um texto que, mais ou menos, inicia minha fase como poeta. Quero dizer, que é pelo momento em que escrevi esse texto que começo a sentir uma certa segurança enquanto poeta.
Em que você se inspira para criar seus poemas?
Minhas idéias para escrever vêm de diversas direções, principalmente de setores imagéticos como as artes plásticas e o cinema, mas também me ligo muito em poetas que tenham um forte apelo a uma escrita imagética como Roberto Piva e Vicente Huidobro.
Para você, a poesia é um trabalho ou apenas um hobby?
A poesia para mim é coisa séria, encaro o ato de escrever como um trabalho que envolve pesquisas e experimentações da linguagem. Não vejo minha poesia apenas como um passatempo. Fora o ato de escrever, sempre que posso estou envolvido em recitais e rodas de poesia, a fim de lançar os textos para fora do papel por meio de performances e utilizando outros suportes para a poesia, que não só o papel e a voz, utilizando-se por vezes de percussão e de elementos eletrônicos.
Você enfrentou alguma dificuldade em sua carreira? Qual?
As dificuldades são muitas. Primeiro, de conseguir os livros de determinados autores, até porque Teresina não possui livrarias especializadas e as bibliotecas públicas são bastante deficientes. Com relação a isso, a internet tem solucionado em parte, pois agora podemos pedir livros a livrarias direto em seus sites. Outra dificuldade é referente aos interlocutores, ou seja, pessoas que também escrevem e que sejam acessíveis ao diálogo e a troca de idéias. Uma terceira, seria quanto a publicação. No início, eu publicava meus poemas em fanzines, material alternativo de poucas páginas e pequena tiragem confeccionado por mim mesmo, que tinha reprodução por meio de xérox e divulgação gratuita. Com o tempo, passei a produzir pequenos livretos, também alternativos. É importante mencionar que existem os concursos literários promovidos pelo Estado e pelo Município, porém há sempre o crivo de uma comissão que escolhe “os melhores”, muitas vezes de qualidade duvidosa. E além disso, a falta de compromisso em publicar as obras dos primeiros colocados. Desse modo, tenho um livro publicado por um concurso realizado pela FUNDAC (Fundação Cultural do Piauí) e um outro que a mesma instituição está a me dever e aos outros autores há pelo menos uns 3 ou 4 anos. Mas quanto à publicação, a internet também tem ajudado bastante, pois tem aparecido espaço para publicações em sites, blogs e revistas virtuais.
O que o senhor já teve livro publicado através de Concursos Literários da FUNDAC. Como o senhor avalia esses concursos?
Esses concursos têm um caráter político de “dar a ver” o “trabalho” de uma gestão. Os livros levam o carimbo e a marca de um governo, pois livros vão para as estantes das bibliotecas e perduram ao longo do tempo. Os livros fazem parte de estratégias de marcar no tempo os feitos de um ou outro gestor. No mais, esses concursos não são levados a sério pelas pessoas que cuidam da cultura. Na maioria das vezes são pessoas despreparadas e só realizam trabalho burocrático, são burocratas da cultura. Por isso a FUNDAC está devendo todas as publicações do último concurso que aconteceu há pelo menos uns 3 ou 4 anos, e quando publicam, as edições vêm cheias de erros.
Você tem preferência por algum estilo literário? Poderia comentar o motivo dessa preferência?
Gosto muito de escrita imagética, de escrita que tem força e vigor. Não sou muito simpático à poesia que se basta em si. Tenho preferência pela poesia surrealista, pelos trabalhos dos escritores beatniks americanos e por um grupo de poetas brasileiros da década de 1960, como Roberto Piva e Claudio Willer. Mas também existem escritores que eu tenho um carinho muito especial, como Caio Fernando Abreu, Ana Cristina Cesar e também alguns amigos que são ótimos poetas como Mardônio França, Uirá dos Reis e Ayla Andrade, pessoal que produz a revista virtual Corsário.
De que maneira a publicação de fanzines e outras publicações alternativas influenciou sua maneira de escrever?
Sou uma pessoa que tem uma formação enquanto leitor muito ligada ao universo dos fanzines. Desde a metade da década de 1990 que me relaciono com essas publicações que compõem práticas de leituras, de produção e circulação de textos. No início, eu me correspondia com pessoas de todo o Brasil, mandava meus poemas e fanzines para as pessoas e elas me mandavam os seus materiais, suas publicações. Nessa troca de idéias íamos divulgando nosso trabalho. O massa é que os fanzines constituem um mundo paralelo. Onde parece que as coisas não acontecem ou não podem existir, lá no universo dos fanzines tudo pode e acontece. Então o lema do “faça você mesmo” é o guia desses trabalhos. Por isso tenho uma relação forte com o universo alternativo. Assim a minha prática nesse universo se encontra presente também na minha escrita.
Colégio São Francisco de Sales – DIOCESANO
Prof Adriano Lobão Aragão
Alunos – 7ª série B/2009
João Victor
Denilson
João Neto
João Pedro
Demetrios Gomes Galvão nasceu em Teresina, em 1979. É poeta e historiador, atualmente cursa o doutorando em História do Brasil na UFPE. Autor de Fractais Semióticos (2005), Bifurcações no Diafragma do Tempo (2006) e do CD Um Pandemônio Léxico no Arquipélago Parabólico (2005).
Qual o poema que você fez e que mais gostou?
Essa é uma pergunta difícil de responder, pois gosto de vários de meus poemas, tanto de alguns antigos, como de alguns novos também. Mas tem um que tenho um apego muito grande que se chama “Nenhuma epígrafe para nós, pelo menos por enquanto”. Creio que esse é um texto que, mais ou menos, inicia minha fase como poeta. Quero dizer, que é pelo momento em que escrevi esse texto que começo a sentir uma certa segurança enquanto poeta.
Em que você se inspira para criar seus poemas?
Minhas idéias para escrever vêm de diversas direções, principalmente de setores imagéticos como as artes plásticas e o cinema, mas também me ligo muito em poetas que tenham um forte apelo a uma escrita imagética como Roberto Piva e Vicente Huidobro.
Para você, a poesia é um trabalho ou apenas um hobby?
A poesia para mim é coisa séria, encaro o ato de escrever como um trabalho que envolve pesquisas e experimentações da linguagem. Não vejo minha poesia apenas como um passatempo. Fora o ato de escrever, sempre que posso estou envolvido em recitais e rodas de poesia, a fim de lançar os textos para fora do papel por meio de performances e utilizando outros suportes para a poesia, que não só o papel e a voz, utilizando-se por vezes de percussão e de elementos eletrônicos.
Você enfrentou alguma dificuldade em sua carreira? Qual?
As dificuldades são muitas. Primeiro, de conseguir os livros de determinados autores, até porque Teresina não possui livrarias especializadas e as bibliotecas públicas são bastante deficientes. Com relação a isso, a internet tem solucionado em parte, pois agora podemos pedir livros a livrarias direto em seus sites. Outra dificuldade é referente aos interlocutores, ou seja, pessoas que também escrevem e que sejam acessíveis ao diálogo e a troca de idéias. Uma terceira, seria quanto a publicação. No início, eu publicava meus poemas em fanzines, material alternativo de poucas páginas e pequena tiragem confeccionado por mim mesmo, que tinha reprodução por meio de xérox e divulgação gratuita. Com o tempo, passei a produzir pequenos livretos, também alternativos. É importante mencionar que existem os concursos literários promovidos pelo Estado e pelo Município, porém há sempre o crivo de uma comissão que escolhe “os melhores”, muitas vezes de qualidade duvidosa. E além disso, a falta de compromisso em publicar as obras dos primeiros colocados. Desse modo, tenho um livro publicado por um concurso realizado pela FUNDAC (Fundação Cultural do Piauí) e um outro que a mesma instituição está a me dever e aos outros autores há pelo menos uns 3 ou 4 anos. Mas quanto à publicação, a internet também tem ajudado bastante, pois tem aparecido espaço para publicações em sites, blogs e revistas virtuais.
O que o senhor já teve livro publicado através de Concursos Literários da FUNDAC. Como o senhor avalia esses concursos?
Esses concursos têm um caráter político de “dar a ver” o “trabalho” de uma gestão. Os livros levam o carimbo e a marca de um governo, pois livros vão para as estantes das bibliotecas e perduram ao longo do tempo. Os livros fazem parte de estratégias de marcar no tempo os feitos de um ou outro gestor. No mais, esses concursos não são levados a sério pelas pessoas que cuidam da cultura. Na maioria das vezes são pessoas despreparadas e só realizam trabalho burocrático, são burocratas da cultura. Por isso a FUNDAC está devendo todas as publicações do último concurso que aconteceu há pelo menos uns 3 ou 4 anos, e quando publicam, as edições vêm cheias de erros.
Você tem preferência por algum estilo literário? Poderia comentar o motivo dessa preferência?
Gosto muito de escrita imagética, de escrita que tem força e vigor. Não sou muito simpático à poesia que se basta em si. Tenho preferência pela poesia surrealista, pelos trabalhos dos escritores beatniks americanos e por um grupo de poetas brasileiros da década de 1960, como Roberto Piva e Claudio Willer. Mas também existem escritores que eu tenho um carinho muito especial, como Caio Fernando Abreu, Ana Cristina Cesar e também alguns amigos que são ótimos poetas como Mardônio França, Uirá dos Reis e Ayla Andrade, pessoal que produz a revista virtual Corsário.
De que maneira a publicação de fanzines e outras publicações alternativas influenciou sua maneira de escrever?
Sou uma pessoa que tem uma formação enquanto leitor muito ligada ao universo dos fanzines. Desde a metade da década de 1990 que me relaciono com essas publicações que compõem práticas de leituras, de produção e circulação de textos. No início, eu me correspondia com pessoas de todo o Brasil, mandava meus poemas e fanzines para as pessoas e elas me mandavam os seus materiais, suas publicações. Nessa troca de idéias íamos divulgando nosso trabalho. O massa é que os fanzines constituem um mundo paralelo. Onde parece que as coisas não acontecem ou não podem existir, lá no universo dos fanzines tudo pode e acontece. Então o lema do “faça você mesmo” é o guia desses trabalhos. Por isso tenho uma relação forte com o universo alternativo. Assim a minha prática nesse universo se encontra presente também na minha escrita.
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