- Publicado originalmente em amálgama #5, agosto de 2004.
ÊXODO
[Delmo Montenegro]
nos túneis de horror materno
nós caminhamos
.....por ordem da rainha de Bethsabath
.......nós caminhamos
..............pelos túneis ancestrais de nossa narrativa edipiana
pés amarrados
.....mãos cruzadas
................tateando pelo escuro pelas fossas
pelo sol pútrido das fezes
...............caduceu das moscas
........avançamos
.......................................pelo Horror disforme
......................em nossas máscaras
...........em busca de Alethéia — A Verdade
......................Alethéia — A Deusa adversa
de nossos círculos católicos
..........por ti caminhamos como suplicantes
na noite batismal do exílio
.................................suportando o insuportável as substâncias fecais
as pústulas
..................os verbos do ânus
..............todas as imputações de nossos crimes homoeróticos
todas as degenerações
.........................dos círculos do Inferno
......................................aqui estamos suplicantes
...............na chegada dos trens suásticos à
Charleville
cantamos todos
.....a messe negra portuguesa
......................as sangrias do arrebol
...........................o teatro elétrico dos mortos
.........................atravessando os túneis dos
esquartejadores
...........os museus da História Natural do Medo
cantamos todos
...............purgando aqui
...............................a nossa fala cadavérica e os estatutos da derrisão
......................purgando aqui
..............os sóis acrósticos do vício
............................................os manifestos
......... vestindo a farda expressionista dos
judeus do degredo
.................cantamos todos
a ciência da nossa morte
______________________________
Delmo Montenegro nasceu em Recife (PE) em 1974.
Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico,
lançou recentemente pelas Edições Bagaço
seu livro de estréia, Les Joueurs de Cartes – Os Jogadores de Cartas.
ÊXODO
[Delmo Montenegro]
nos túneis de horror materno
nós caminhamos
.....por ordem da rainha de Bethsabath
.......nós caminhamos
..............pelos túneis ancestrais de nossa narrativa edipiana
pés amarrados
.....mãos cruzadas
................tateando pelo escuro pelas fossas
pelo sol pútrido das fezes
...............caduceu das moscas
........avançamos
.......................................pelo Horror disforme
......................em nossas máscaras
...........em busca de Alethéia — A Verdade
......................Alethéia — A Deusa adversa
de nossos círculos católicos
..........por ti caminhamos como suplicantes
na noite batismal do exílio
.................................suportando o insuportável as substâncias fecais
as pústulas
..................os verbos do ânus
..............todas as imputações de nossos crimes homoeróticos
todas as degenerações
.........................dos círculos do Inferno
......................................aqui estamos suplicantes
...............na chegada dos trens suásticos à
Charleville
cantamos todos
.....a messe negra portuguesa
......................as sangrias do arrebol
...........................o teatro elétrico dos mortos
.........................atravessando os túneis dos
esquartejadores
...........os museus da História Natural do Medo
cantamos todos
...............purgando aqui
...............................a nossa fala cadavérica e os estatutos da derrisão
......................purgando aqui
..............os sóis acrósticos do vício
............................................os manifestos
......... vestindo a farda expressionista dos
judeus do degredo
.................cantamos todos
a ciência da nossa morte
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Delmo Montenegro nasceu em Recife (PE) em 1974.
Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico,
lançou recentemente pelas Edições Bagaço
seu livro de estréia, Les Joueurs de Cartes – Os Jogadores de Cartas.
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