foto: Sérgio Batista
“Sempre estou trabalhando em alguma obra”
7.ª pergunta para FRANCISCO MIGUEL DE MOURA
Colégio São Francisco de Sales – DIOCESANO
Prof Adriano Lobão Aragão
Alunos – 7ª série
Jadson Viana
Liuhan Oliveira
Vinycius de Sousa
Vinicius Alexandrino
Mateus Desidério
Francisco Miguel de Moura nasceu em Francisco Santos (outrora “Jenipapeiro”, município de Picos, sertão do Piauí), aos 16 de junho de 1933. Formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado na Universidade Federal da Bahia. Funcionário aposentado do Banco do Brasil. Dentre sua extensa obra encontramos Areias (poesia,1966), Pedra em Sobressalto (poesia, 1974), Bar Carnaúba (poesia, 1979), Os Estigmas (romance, 1984), Poesia in Completa (poesia, 1997) e Porque Petrônio não Ganhou o Céu (contos, 1999).
Quando o senhor despertou o interessou pela Literatura?
Foi muito cedo, talvez tivesse 11 a 12 anos. Ficava na mata – morava no interior, naquela época – ouvindo os passarinhos cantarem, cada um com sua modulação e voz, vendo-os às vezes em suas variadas cores e pensava algo parecido. Já havia lido poemas, na escola, de Olavo Bilac a Castro Alves, de Casimiro de Abreu a Álvares de Azevedo. Então passei a tentar imitá-los, na escola, quando nos períodos vagos, ou na hora da merenda, etc. Mas não mostrava a ninguém.
Qual a sua preferência em relação a suas obras?
Não tenho preferências. É claro que de algumas a gente gosta mais, principalmente daquela que se acabou de escrever ou publicar. Meu melhor romance, nessas condições, é “D. Xicote”. Parece, mas não é “D. Quixote”, que só li depois que escrevi o meu. Em poesia, meu melhor livro é a “Antologia” (poemas escolhidos pelo autor).
O senhor costuma visitar sua terra natal?
Sim, todo ano, principalmente em outubro, quando há festas da Padroeira. Também, no mesmo mês, vou a Picos, cidade próxima, onde há um evento literário para o qual sempre sou convidado a fazer palestra. As lembranças de minha terra, do meu tempo de criança, continuam comigo aonde vou, mas é claro que, visitando a terra, elas afloram mais fortes. Já minha adolescência foi muito bagunçada, não sei bem onde curti seus anos, pois meu pai vivia de mudanças, ora aqui, ora acolá.
No poema “Escuro”, o que o senhor quis dizer com “as coisas estão com medo”?
O discurso literário é plurissignificativo. No meu entendimento, como leitor de mim mesmo – se estou poetizando com a natureza – claro que aí são as “coisas” da natureza modificadas pelo homem. A natureza vira coisa na mão dos homens, rio ou esgoto, ar ou fumaça, árvore ou erva daninha. Mas, se você quiser, também o significado pode estender-se realmente às coisas (que estão sobrando nas prateleiras, nas bancas, nas fábricas, nos armazéns), humilhando-as e daí o sentimento de medo que elas podem (e devem) ter nestes tempos de horrores: furacões, tufões, tsunamis, etc. Daí elas (as coisas) podem ter seus dias contados, sua glória quebrada por uma segunda morte, a morte por extinção completa das suas formas.
Para o senhor, qual foi o auge da sua carreira como escritor?
Agora, quando acabo de publicar minha “Fortuna Crítica”, uma antologia de artigos e ensaios sobre a minha obra – prosa e poesia – contando, entre os participantes, com ensaio, artigo ou carta, autoridades como Drummond, Fernando Py, O. G. Rego de carvalho, Magalhães da Costa, Rejane Machado, M. Paulo Nunes, Assis Brasil, Oton Lustosa, entre outros.
O senhor está trabalhando em alguma obra atualmente?
Sempre estou trabalhando em alguma obra, às vezes em mais de uma. É o caso de agora. Estou preparando meu quinto romance, “O Crime Perfeito”, terminando de escrever “O Menino Quase Perdido” e meus poemas inéditos, que, com o volume atual, fazem 5 – só de inéditos.
O senhor acha que é possível mudar as pessoas através da literatura?
Não é possível a mudança nas pessoas, salvo por elas próprias. Aqui estão excluídas as crianças, porque ainda não são pessoas propriamente ditas – são criaturas. As mudanças pessoais só vêm com a vontade (grande vontade) de quem assim o quiser. Claro que nada é capaz de mudar ninguém se ele próprio não quer. A vontade é a alma. Mas pode ser, apenas como hipótese, que uma grande obra venha a mudar o rumo de uma vida, e, quem sabe, de muitas vidas. Na literatura universal, por exemplo, conheço “Crime e castigo”, obra que pode mudar o interior dos leitores. Como, aliás, todas as demais obras de Dostoievski e também de Leon Tolstoi, por coincidência dois autores russos. A Bíblia tem mudado o mundo, pelo menos desde o advento de Jesus, que pregava a lei do amor.
“Sempre estou trabalhando em alguma obra”
7.ª pergunta para FRANCISCO MIGUEL DE MOURA
Colégio São Francisco de Sales – DIOCESANO
Prof Adriano Lobão Aragão
Alunos – 7ª série
Jadson Viana
Liuhan Oliveira
Vinycius de Sousa
Vinicius Alexandrino
Mateus Desidério
Francisco Miguel de Moura nasceu em Francisco Santos (outrora “Jenipapeiro”, município de Picos, sertão do Piauí), aos 16 de junho de 1933. Formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado na Universidade Federal da Bahia. Funcionário aposentado do Banco do Brasil. Dentre sua extensa obra encontramos Areias (poesia,1966), Pedra em Sobressalto (poesia, 1974), Bar Carnaúba (poesia, 1979), Os Estigmas (romance, 1984), Poesia in Completa (poesia, 1997) e Porque Petrônio não Ganhou o Céu (contos, 1999).
Quando o senhor despertou o interessou pela Literatura?
Foi muito cedo, talvez tivesse 11 a 12 anos. Ficava na mata – morava no interior, naquela época – ouvindo os passarinhos cantarem, cada um com sua modulação e voz, vendo-os às vezes em suas variadas cores e pensava algo parecido. Já havia lido poemas, na escola, de Olavo Bilac a Castro Alves, de Casimiro de Abreu a Álvares de Azevedo. Então passei a tentar imitá-los, na escola, quando nos períodos vagos, ou na hora da merenda, etc. Mas não mostrava a ninguém.
Qual a sua preferência em relação a suas obras?
Não tenho preferências. É claro que de algumas a gente gosta mais, principalmente daquela que se acabou de escrever ou publicar. Meu melhor romance, nessas condições, é “D. Xicote”. Parece, mas não é “D. Quixote”, que só li depois que escrevi o meu. Em poesia, meu melhor livro é a “Antologia” (poemas escolhidos pelo autor).
O senhor costuma visitar sua terra natal?
Sim, todo ano, principalmente em outubro, quando há festas da Padroeira. Também, no mesmo mês, vou a Picos, cidade próxima, onde há um evento literário para o qual sempre sou convidado a fazer palestra. As lembranças de minha terra, do meu tempo de criança, continuam comigo aonde vou, mas é claro que, visitando a terra, elas afloram mais fortes. Já minha adolescência foi muito bagunçada, não sei bem onde curti seus anos, pois meu pai vivia de mudanças, ora aqui, ora acolá.
No poema “Escuro”, o que o senhor quis dizer com “as coisas estão com medo”?
O discurso literário é plurissignificativo. No meu entendimento, como leitor de mim mesmo – se estou poetizando com a natureza – claro que aí são as “coisas” da natureza modificadas pelo homem. A natureza vira coisa na mão dos homens, rio ou esgoto, ar ou fumaça, árvore ou erva daninha. Mas, se você quiser, também o significado pode estender-se realmente às coisas (que estão sobrando nas prateleiras, nas bancas, nas fábricas, nos armazéns), humilhando-as e daí o sentimento de medo que elas podem (e devem) ter nestes tempos de horrores: furacões, tufões, tsunamis, etc. Daí elas (as coisas) podem ter seus dias contados, sua glória quebrada por uma segunda morte, a morte por extinção completa das suas formas.
Para o senhor, qual foi o auge da sua carreira como escritor?
Agora, quando acabo de publicar minha “Fortuna Crítica”, uma antologia de artigos e ensaios sobre a minha obra – prosa e poesia – contando, entre os participantes, com ensaio, artigo ou carta, autoridades como Drummond, Fernando Py, O. G. Rego de carvalho, Magalhães da Costa, Rejane Machado, M. Paulo Nunes, Assis Brasil, Oton Lustosa, entre outros.
O senhor está trabalhando em alguma obra atualmente?
Sempre estou trabalhando em alguma obra, às vezes em mais de uma. É o caso de agora. Estou preparando meu quinto romance, “O Crime Perfeito”, terminando de escrever “O Menino Quase Perdido” e meus poemas inéditos, que, com o volume atual, fazem 5 – só de inéditos.
O senhor acha que é possível mudar as pessoas através da literatura?
Não é possível a mudança nas pessoas, salvo por elas próprias. Aqui estão excluídas as crianças, porque ainda não são pessoas propriamente ditas – são criaturas. As mudanças pessoais só vêm com a vontade (grande vontade) de quem assim o quiser. Claro que nada é capaz de mudar ninguém se ele próprio não quer. A vontade é a alma. Mas pode ser, apenas como hipótese, que uma grande obra venha a mudar o rumo de uma vida, e, quem sabe, de muitas vidas. Na literatura universal, por exemplo, conheço “Crime e castigo”, obra que pode mudar o interior dos leitores. Como, aliás, todas as demais obras de Dostoievski e também de Leon Tolstoi, por coincidência dois autores russos. A Bíblia tem mudado o mundo, pelo menos desde o advento de Jesus, que pregava a lei do amor.
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