- Publicado originalmente em amálgama #3, maio de 2002.
A primeira mágica
por Adriano Lobão Aragão
Triste e sem lágrimas, como a morte das árvores, minhas raízes me movem. Tenho um jardim entulhado de barro, onde poderia cultivar esquecimento, mas uma necessidade mais forte me leva a remexer antigas metáforas de um tempo em que só uns já sabiam beijar. Eu não sabia. Treinava com a mão. Então aquela que desfazia todas as mágicas se fez presente. Não me era permitido sonhar estar próximo dela, pois o mundo era muito rude e os meninos mais velhos tinham seus privilégios para com elas. E a força necessária para estabelecer esses direitos. Até o dia em que ela se fez mais presente ainda e me olhou os olhos muito próximos. Quando pela primeira vez fui beijado, senti dentes atrapalharem. Não era pra comê-la ainda, pensei. E ri baixinho. Então ouvi baixinho, baixinho, quem ri sozinho é doido. E como o fim de uma mágica, ela plantou minhas raízes naquele beijo e se afastou.
A primeira mágica
por Adriano Lobão Aragão
Triste e sem lágrimas, como a morte das árvores, minhas raízes me movem. Tenho um jardim entulhado de barro, onde poderia cultivar esquecimento, mas uma necessidade mais forte me leva a remexer antigas metáforas de um tempo em que só uns já sabiam beijar. Eu não sabia. Treinava com a mão. Então aquela que desfazia todas as mágicas se fez presente. Não me era permitido sonhar estar próximo dela, pois o mundo era muito rude e os meninos mais velhos tinham seus privilégios para com elas. E a força necessária para estabelecer esses direitos. Até o dia em que ela se fez mais presente ainda e me olhou os olhos muito próximos. Quando pela primeira vez fui beijado, senti dentes atrapalharem. Não era pra comê-la ainda, pensei. E ri baixinho. Então ouvi baixinho, baixinho, quem ri sozinho é doido. E como o fim de uma mágica, ela plantou minhas raízes naquele beijo e se afastou.
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