amálgama #2 - Prus Minu Réi

A obra, em capa de Amaral
O autor, em caricatura de Netto

- Publicado originalmente em amálgama #2, fevereiro de 2002



por Adriano Lobão Aragão


Todo idioma se concretiza através da fala, a maneira pessoal como cada indivíduo usa sua língua. Por isso existem as variações lingüísticas, motivadas por fatores regionais, culturais, contextuais, naturais. Chamamos nível coloquial-popular a fala que as pessoas utilizam no seu cotidiano, sobretudo nas situações mais informais. O mino réi Paulo José Cunha, “o carioca mais piauiense do Brasil”, direcionou seu olhar para o registro dessa fala coloquial, sem visar a nenhuma pretensão acadêmica. Melhor assim. Ninguém vai precisar saber de nada disso para passear pela sua Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês, 2.ª edição, revista e ampliada (Edições Corisco, Teresina).
Além de refletirem nossa identidade cultural, é interessante notar como diversas particularidades de nossa expressão lingüística são cômicas e inusitadas. As referências a Fontes Ibiapina e Alvina Gameiro são inevitáveis e essenciais, mas é um exagero encontrar inúmeras citações do jornalista esportivo Deusdeth Nunes. Paulo José deveria ter notado que o "Garrincha" já havia colaborado com muitos exemplos nos verbetes. Nem precisava tanto, pois garimpando outros autores, com certeza encontraria achados preciosos. Aliás, essa Grande Enciclopédia motiva seus leitores a pesquisar e colaborar com palavras e expressões a balde, pois ainda existem muitas expressões tão nossas que não poderiam ficar de fora. Isso é sinal de que esse piauiês ainda pode contar com muito pano pras mangas.

Jornalista residente em Brasília, Paulo José Cunha declarou desde a primeira edição que a idéia do livro surgiu em 1995, quando anotava palavras e expressões de sua mãe, Dona Yára Cunha. Deu no que deu. Quem mais deve ter se divertido foi o próprio autor, pois o livro é recheado de brincadeiras com os amigos, quem sabe até com os desafetos. Só não precisava daquela cambada de prefácios e comentários no início e no final da obra, como se fosse um atestado de garantia ou coisa parecida. Trata-se apenas de uma leitura sem maiores compromissos, boa para apurar olhos e ouvidos.

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