amálgama #2 - homenagem - Zito Batista




- Publicado originalmente em amálgama #2, fevereiro de 2002.




Raimundo Zito Batista possui a mesma naturalidade do irmão, Jônatas Batista, tendo nascido a 16 de setembro de 1887. Autodidata, jornalista e poeta, fundou as revistas Cidade verde e Alvorada, sendo diretor da Imprensa Oficial do Piauí. Foi membro da Academia Piauiense de Letras. Estreou na poesia em 1909, com a coletânea Almas irmãs, em parceria com Celso Pinheiro e Antônio Chaves, sendo o responsável pela parte intitulada Pedaços do coração. Depois publicou Chama extinta, 1918 e Harmonia dolorosa, 1924, obras poéticas bem aceitas pela crítica brasileira, merecendo inclusive elogios por parte de Olavo Bilac e Afonso Celso. Morreu aos 39 anos, em 20 de outubro de 1926, no Rio de Janeiro.


Visionário
[Zito Batista]

Soberbo como um deus que atingisse as alturas
E sentisse, aos seus pés, curvada, a Terra inteira,
Pensa em ressuscitar toda a lenda guerreira
Do passado, ao sabor de conquistas futuras...

E, assim, o seu olhar, num brilho de águas puras
Que refletissem toda a paisagem fronteira,
Basta a lhe retratar a alma livre e altaneira,
Rasgada num clarão forte de iluminuras...

Ama a gloria da cor, e os céus, e o sol faiscante,
E, na febre do sonho, e na ânsia da conquista,
Guarda a nobreza real do alto gesto arrogante...

Certo, ainda ao morrer, no horror que a morte espalha,
A ilusão da vitória há de acender- lhe a vista
Ao raivante estridor da última batalha...

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